sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A Revolta das Barcas

Por estar diariamente usando as barcas como meio de transporte  e sentindo o sufoco que cada usuário passa, resolvi voltar ao ano de 1959 para contar a história de uma revolta que marcou todo o povo de Niterói.

Bem antes da criação da ponte Rio – Niterói (Ponte Presidente Costa e Silva), o único meio de chegar ao Rio para quem estava em Niterói era as barcas que transportava diariamente da capital do estado (Niterói) para a capital do Brasil (Rio de Janeiro) cerca de 100 mil passageiros por dia.

O Grupo Carreteiro era quem controlava as barcas, e este grupo solicitava constantemente apoio financeiro do governo para cobrir os gastos alegando prejuízo. O governo se nega a dar apoio ao grupo alegando que eles apresentavam falsas informações sobre os gastos. As alegações foram se confirmando depois de descobrirem que a família Carreteiro comprara fazendas e outras propriedades, fato notado pela população.

Na noite de 11 de maio de 1959, os empregados juntos com o sindicato das barcas entram em greve reivindicando melhores condições de trabalho. Devido a greve, as forças armadas foram encarregadas provisoriamente de administrar as viagens entre Rio e Niterói.

Com os militares no poder houve a redução do serviço prestado pelas barcas, com isso começou a ocorrer atrasos na saída das embarcações e aglomeração na estação de Araribóia. Com os ânimos exaltados, um militar deu uma coronhada em um dos passageiros, sendo seguido pelos companheiros de fardas que partiram para cima dos usuários das barcas, uma pedra foi atirada em uma janela da estação Araribóia, sendo revidada a tiro pelos militares.

Iniciou-se um quebra – quebra a estação foi incendiada, a frota destruída, os móveis do local e pedaço das embarcações foram postos na rua e queimados. A revolta, a baderna e a luta entre usuários e militares resultaram em 6 mortos e 118 feridos. Jornais e revistas do Brasil compararam o episódio chamando Niterói de “uma pequena bastilha”. Com o fim da revolta que ficou marcada na memória do povo Carioca, o governo brasileiro assumiu o controle das barcas estatizadas.