Quem vem da Zona sul pelo aterro do
Flamengo passando pelo tribunal de justiça, na rua Antônio Carlos, ao lado do
edifício garagem,não repara que a rua tem uma elevação que passa pela igreja de
São José terminando na assembleia legislativa. Para muitos não passa de algo
normal em uma cidade agitada como o Rio de Janeiro.
Ali, onde ocorre a dita elevação, o
motorista acaba de atravessar o membro desaparecido da cidade, como diz o
jornalista Pedro Dória em seu livro “1965
enquanto o Brasil nascia “. O morro do castelo, mais tarde chamado de morro
do descanso, de São Januário, do Conselho era o limite da cidade, após o morro
havia só água. Ele media 184.000 metros quadrados, o equivalente a 18
quarteirões do Rio atual. Para se ter uma ideia melhor da localização do morro,
em comprimento, ele ia do início da Antônio Carlos até a assembleia legislativa,
em largura começava no tribunal de justiça, mais especificamente na lamina III,
perto das barca, e terminava depois da avenida Rio Branco.
A cidade começou a ser instalada no alto do morro, mas para o
início da ocupação era preciso limpar o local, pois de acordo com Mem de Sá, em
sua carta o morro possuía um grande mato, cheio de muitas árvores grossas. “Escolhi hum sítio que parecia mais conveniente para
hedificar nelle a cidade de São Sebastião o qual sítio hera de um grande mato
espeço cheo de muitas arvores grossas em que se levou asaz de trabalho em as
cortar e alimpar o dito sítio e hedificar huma cidade grande serquada de muro
por sima com muitos baluartes e fortes cheo de artelharia, e fiz a igreja dos
padres de jhesus onde agora residem telhada e bem consertada (Mem de Sá) foi pelas mãos de um português degradado na Bahia chamado Nuno Garcia, que
o morro foi limpo e foi habitado por 600 pessoas tais como: colonos portugueses
e jesuítas.Com o aumento mais tarde da população o morro passou a ter três acessos
:A ladeira da misericórdia ( hoje apenas
uma pequena subida ao lado da igreja de Nossa Senhora de Bonsucesso), a
ladeira do castelo ou do cotovelo (onde
hoje se encontra o acesso ás laminas I e III do tribunal de justiça),e a
ladeira da ajuda (perto da rua México).
Com o passar do tempo o morro ficou pequeno para a população, lá já
tinha sido construído a igreja e o colégio dos Jesuítas, a casa de câmara e da
cadeia e o forte de São Januário (mais
tarde batizado de São Sebastião). Vendo as dificuldades do dia-a-dia, a
falta de segurança, fez a nobreza a partir
de 1570 começar a deixar o morro, permanecendo apenas o pessoal menos
favorecidos, pois não tinham sido contemplado com terras doadas pela coroa.
A mudança trouxe a decadência do morro e a marginalização do lugar que
passou a ser evitado pelo povo. Teve início, então, a primeira fase de desmonte
do morro do castelo, foram 300 imóveis retirados e 66 mil metros cúbicos de
terras que teve como destino o aterramento da Urca, Lagoa Rodrigo de Freitas e
o Flamengo. A população removida foi para o subúrbio do Rio e os objetos de valores
transferidos para diversos pontos da cidade.
Restou apenas uma parte do morro que mais tarde, em 1902, começou a ser
demolida pela reforma do engenheiro Francisco Pereira Passos no governo do
presidente Rodrigues Alves para abrir uma avenida no coração do Rio de Janeiro,
a Avenida central, hoje conhecida como Avenida Rio Branco.