segunda-feira, 22 de abril de 2013

O MORRO DO CASTELO



Quem vem da Zona sul pelo aterro do Flamengo passando pelo tribunal de justiça, na rua Antônio Carlos, ao lado do edifício garagem,não repara que a rua tem uma elevação que passa pela igreja de São José terminando na assembleia legislativa. Para muitos não passa de algo normal em uma cidade agitada como o Rio de Janeiro.
Ali, onde ocorre a dita elevação, o motorista acaba de atravessar o membro desaparecido da cidade, como diz o jornalista Pedro Dória em seu livro “1965 enquanto o Brasil nascia “. O morro do castelo, mais tarde chamado de morro do descanso, de São Januário, do Conselho era o limite da cidade, após o morro havia só água. Ele media 184.000 metros quadrados, o equivalente a 18 quarteirões do Rio atual. Para se ter uma ideia melhor da localização do morro, em comprimento, ele ia do início da Antônio Carlos até a assembleia legislativa, em largura começava no tribunal de justiça, mais especificamente na lamina III, perto das barca, e terminava depois da avenida Rio Branco.
A cidade começou a ser instalada no alto do morro, mas para o início da ocupação era preciso limpar o local, pois de acordo com Mem de Sá, em sua carta o morro possuía um grande mato, cheio de muitas árvores grossas.Escolhi hum sítio que parecia mais conveniente para hedificar nelle a cidade de São Sebastião o qual sítio hera de um grande mato espeço cheo de muitas arvores grossas em que se levou asaz de trabalho em as cortar e alimpar o dito sítio e hedificar huma cidade grande serquada de muro por sima com muitos baluartes e fortes cheo de artelharia, e fiz a igreja dos padres de jhesus onde agora residem telhada e bem consertada (Mem de Sá)  foi pelas mãos de um português degradado na Bahia chamado Nuno Garcia, que o morro foi limpo e foi habitado por 600 pessoas tais como: colonos portugueses e jesuítas.Com o aumento mais tarde da população o morro passou a ter três acessos :A ladeira da misericórdia ( hoje apenas uma pequena subida ao lado da igreja de Nossa Senhora de Bonsucesso), a ladeira do castelo ou do cotovelo (onde hoje se encontra o acesso ás laminas I e III do tribunal de justiça),e a ladeira da ajuda (perto da rua México).
Com o passar do tempo o morro ficou pequeno para a população, lá já tinha sido construído a igreja e o colégio dos Jesuítas, a casa de câmara e da cadeia e o forte de São Januário (mais tarde batizado de São Sebastião). Vendo as dificuldades do dia-a-dia, a falta de segurança, fez a nobreza a partir  de 1570 começar a deixar o morro, permanecendo apenas o pessoal menos favorecidos, pois não tinham sido contemplado com terras doadas pela coroa.
A mudança trouxe a decadência do morro e a marginalização do lugar que passou a ser evitado pelo povo. Teve início, então, a primeira fase de desmonte do morro do castelo, foram 300 imóveis retirados e 66 mil metros cúbicos de terras que teve como destino o aterramento da Urca, Lagoa Rodrigo de Freitas e o Flamengo. A população removida foi para o subúrbio do Rio e os objetos de valores transferidos para diversos pontos da cidade.
Restou apenas uma parte do morro que mais tarde, em 1902, começou a ser demolida pela reforma do engenheiro Francisco Pereira Passos no governo do presidente Rodrigues Alves para abrir uma avenida no coração do Rio de Janeiro, a Avenida central, hoje conhecida como Avenida Rio Branco.